sexta-feira, 9 de maio de 2008

Vancouver


De Vancouver


O número de carros no Brasil cresce assustadoramente. E, a cada dia que passa, a indústria automobilística bate recordes e mais recordes na venda de veículos.,Ainda passamos longe do patamar de vendas registrado nos EUA ou mercados verdadeiramente emergentes, como China e Índia. Até porque, convenhamos, nunca se vendeu tanto carro no Brasil, mas os preços continuam ridiculamente altos quando comparados com outros mercados.
No entanto, para se ter uma idéia, até o final de abril, as montadoras atuantes no Brasil comercializaram 1.548.519 veículos, aumento de quase 30% com relação ao mesmo quadrimestre de 2007.
Enquanto o mundo (das montadoras) se desdobra para vender cada vez mais e empresas, como a gigante General Motors, se esforça para sair do vermelho, governos vão priorizando o verde, a sustentabilidade e acesso ao transposrte público.
Não, não vou falar de Bogotá, que se trata de um ótimo exemplo, aliás. Mas vamos falar de Vancouver, obviamente. Fujamos de comparações com São Paulo, onde a população é "somente" dez vezes maior. Mas as políticas implantadas por aqui poderiam, sim, ser seguidas por aí. Não há nada de errado em copiar o que é bom.
A Translink, orgão responsável pela manutenção e desenvolvimento do transporte público na Grande Vancouver, em parceria com as prefeituras, lançou no ano passado o projeto "Transporte 2040", que visa, obviamente, otimizar cada vez mais o uso de ônibus, trens, metrô e balsas na região até o ano citado. E conta, acima de tudo, com a opinião do usuário final: o cidadão, que pode freqüentar clínicas abertas para dizer o que pensa.
É impossível esquecer o trânsito infernal no Brasil ou ignorar as manchetes que gritam, dia após dia, novos recordes de congestionamento. Tudo pela falta de investimento maciço e planejamento, como por exemplo, o uso correto dos faróis inteligentes ou a criação de faixas preferenciais.
Por aqui em Vancouver, a cidade comemora o número cada vez maior de ônibus, metrô, trens e balsas disponíveis. Além disso, busca a integração total entre os meios de transporte. O passe do mês, por exemplo, lhe dá o direito a andar em todos os sistemas disponíveis, por quantas vezes quiser e na hora em que preferir.
Dividida em três zonas, a cidade cobra um preço decente (o mais barato no Canadá) e devolve ao usuário um sistema eficiente, monitorado por satélite e que informa, com precisão britânica, os horários de todos os ônibus, metrô, balsa e trem. Não há riscos de se chegar atrasado...A menos que você queira.
Para 2008, os maiores investimentos serão feitos na manutenção, reabilitação e implantação de novas vias. Mas não somente de carros! Mas muito mais para ciclistas, patinadores e, veja só, para os pedestres.
Obviamente existem os insatisfeitos, nunca é possível agradar a todos, dizem que trata-se de uma maquiagem para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010. Mas, estranhamente, aquele que critica também utiliza todos os dias o transporte público. E gosta!


Rafael Prada

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