quinta-feira, 17 de julho de 2008

Mamona é usada em batom, aviões e pára-choques


Um dos pilares do programa de biodiesel foi a inclusão da agricultura familiar na produção de matérias-primas. Uma reviravolta nas cotações, porém, está fazendo o pequeno agricultor esquecer esse mercado, ao descobrir a nobreza do produto que tem em mãos. Assim, 91% do biodiesel produzido hoje no País tem como base a soja, uma cultura nada familiar, ficando o restante para as demais oleaginosas. A mamona é exemplo típico dessa situação. A cultura tem sido base de produção de quase tudo, menos de biodiesel. É usada pela aviação na produção de um fluido que impede o congelamento do combustível nos tanques de avião e foguetes, na fabricação de lentes de contato, batom, espuma para colchões, tintas e adubos, até pára-choque de carros. ¿É aproveitada em mais de 500 itens pela indústria química¿, informa Zilá Áquila, analista da Companhia Nacional de Abastecimento. Para a produção de biodiesel mesmo a mamona contribui com apenas 4%.
Das 93 mil toneladas produzidas na safra 2007, a quase totalidade por meio de agricultura familiar, apenas 6.734 toneladas viraram biodiesel. O restante foi para a indústria química e outras. A cotação da mamona levou a um aumento de 55% da safra atual, com 146 mil toneladas. Embora a área plantada tenha crescido apenas 7,3% a produtividade explodiu (45,3%). O preço está no cerne do interesse: a tonelada da mamona no porto de Roterdã, Holanda, está cotada a US$ 1.660. Cada tonelada de mamona é capaz de gerar cerca de 500 litros de óleo, cujo preço alcançou R$ 2,68 por litro, ou uma receita de R$ 1.340 por tonelada de mamona, muita aquém dos R$ 2.650 obtidos no mercado internacional, mesmo considerando que o óleo diesel é apenas um subproduto da oleaginosa.
Resultado, mesmo na agricultura familiar, a soja continua dominando as matérias-primas do biodiesel. A soja ficou com 360 mil toneladas, mamona com 6.734, girassol com 4.840, dendê, com 5.400 e o amendoim com 1.100 toneladas.
A resistência da mamona ao clima do semi-árido brasileiro transformou a planta em fonte de renda para agricultores familiares e hoje 93% da produção do País é do Nordeste. Nos primeiros seis meses deste ano, o Brasil arrecadou US$ 6,18 milhões com as exportações de óleos derivados da mamona, informa a Conab.

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